Revolução causada pelo gás de xisto tem bases sólidas.
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A euforia da indústria norte-americana com a exploração de gás de xisto, chamada
até de "revolução" por causa dos enormes impactos econômicos que vem tendo e
ainda deverá provocar, tem bases sólidas. Pelo menos é o que afirma Fernando
Musa, presidente da Braskem America, uma das empresas que estão apostando
forte nos benefícios da nova fonte de energia e de matéria-prima.
"Nós fóruns em que participo, todo mundo fica falando sobre o que vem, a revolução
do shale gas [gás de xisto], mas há cinco anos todos estavam falando que a indústria iria
desaparecer nos Estados Unidos. Agora estão falando que é a bonança. O que será que a
gente vai estar falando daqui a cinco anos?", disse Musa a um grupo de jornalistas
brasileiros em teleconferência nos Estados Unidos –o executivo estava em seu escritório na
Filadélfia, e os jornalistas, em Houston.
A julgar pela orientação dos investimentos da Braskem, dentro de cinco anos a indústria
ainda estará em expansão. Principal produtora de polipropileno nos Estados Unidos, onde
tem cinco fábricas em operação, a empresa está com projeto para entrar na produção de
polietileno, para se beneficiar do custo mais baixo e da oferta abundante do etano gerado
pela exploração do gás de xisto.
Segundo Fernando Musa, o desafio é o custo e a volatilidade do preço da matéria-prima que
usamos, que é o propeno. “Hoje nos Estados Unidos todas as centrais petroquímicas que
podem estão convertendo para usar o máximo de etano possível, porque o etano está muito
barato. Isso cria uma bonança para os players que estão na cadeia etano/eteno, mas cria
um desafio para nós".
Isso tende a mudar ao longo dos próximos anos, acredita ele, por conta de uma espécie de
efeito cascata benéfico que o etano venha a ter na produção de outras matérias-primas. ou
te dar a minha visão. "Minha visão é que nós vamos ter nos Estados Unidos mais propeno,
o que é boa notícia; nós vamos ter um propeno [com preço] menos volátil, e isso vai ser
muito bom para o nosso negócio”.
Essas são algumas das especulações sobre os impactos da revolução do gás de xisto, que
promete energia e matéria prima barata e abundante, o que dá margem à euforia
comentada por Musa. O entusiasmo é justificado, no entender do executivo.
"A cada dia que passa, toda vez que interajo com os agentes da industria, a euforia está um
pouco maior, mas em cima de dados concretos. Algumas coisas vão se desenvolvendo, as
reservas são maiores, a capacidade é maior, então a euforia é maior. Acaba sendo uma onda
de euforia em cima de uma maré muito forte que vem vindo. Tem um pouquinho de espuma na
ponta? Com certeza tem, mas que a maré é forte e vai durar, não é uma marezinha de duas
horas, é uma maré mais longa, não tenho muita dúvida não."
Mesmo com tanta confiança, ele lembra que não é capaz de prever o futuro. "Se eu tivesse
uma bola de cristal eu não estaria aqui, estava lá com Bill Gates e Warren Buffet fazendo
filantropia do tamanho da filantropia que eles fazem", concluiu Musa.
Fonte: Rodolfo Lucena – Folha de São Paulo