Membrana dessaliniza água do mar e purifica gás natural.
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Um filtro capaz de separar o sal da água do mar foi desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Química da USP de Ribeirão Preto (SP). A membrana semipermeável também pode ser utilizada para a purificação de gases, como o gás natural. Na extração em poços de alta pressão, o gás natural é retirado junto com o gás carbônico e outras impurezas. A membrana semipermeável pode filtrar essas impurezas.

O filtro é uma membrana semipermeável feita de folhas poliméricas com poros minúsculos, da ordem de angstroms (10-10metros), medida equivalente ao tamanho das moléculas de água e gás carbônico. Apesar dessas dimensões serem 10 vezes menores do que o nanômetro, o material é classificado como um nanofiltro.

"Para fazer os poros, incluímos uma classe de moléculas conhecida como 'cavitandos' na matriz do polímero. Esses cavitandos são estruturas com uma cavidade central que permite o trânsito de moléculas pequenas, como a água, por seus lúmens. Na filtragem da água do mar, o sal fica retido nessas estruturas," explicou o professor Gregóire Jean-François Demets.

De acordo com o pesquisador, a membrana pode ser feita com três tipos de polímeros: o poliuretano (PU), policloreto de vinila (PVC) ou fluoreto de polivinilideo (PVDF), plásticos com características mais flexíveis.

A filtragem da água do mar com a membrana semipermeável é simples e barata, não exigindo uma troca de fase para remover a água, nem obrigando o processo a ter uma fonte de fluxo ou equipamento auxiliar como aquecedores, evaporadores ou condensadores.

Além da dessalinização, o nanofiltro tem outras aplicações, como separadores para baterias, purificação de gases ou curativos para queimaduras, permitindo que a pele respire.

"Ela garante a troca gasosa no processo de regeneração, impede a entrada de bactérias e fungos e a perda de grandes quantidades de água, comum em pessoas com grandes queimaduras," disse o pesquisador.

"Podemos separar o gás natural do gás carbônico, por exemplo. Isso ocorre porque eles têm permeabilidades diferentes pela membrana. É um jeito simples e com custo baixo de filtrar e enriquecer o gás natural," acrescentou o pesquisador.

Outras vantagens da nova membrana, apontadas por Demets, incluem o baixo custo de fabricação, o fato de ela ser lavável e, portanto, reciclável, apresentar resistência a produtos químicos e ser flexível.

A tecnologia já teve o seu processo de patente realizado pela Agência USP de Inovação e está disponível para licenciamento.

Fonte: Inovação Tecnológica