Novas tecnologias ameaçam fornecedores de lubrificantes
 Imprimir     Indicar para amigo


A verificação da condição dos equipamentos industriais (bombas hidráulicas, compressores, exaustores, ventiladores, turbinas a vapor, motores elétricos etc.) industriais faz parte das atividades diárias dos integrantes do departamento de manutenção e, uma olhada rápida para os equipamentos é, muitas vezes, todo o realizado em termos de inspeção nas verificações de rotina e, a bem da verdade, este tipo de inspeção só nos informa se o ativo encontra-se ou não no local, não nos dando maiores informações sobre a sua condição de operação e manutenção.


Figuras 1/2 – Equipamentos industriais típicos: bombas hidráulicas e compressores


A seguir, vamos verificar algumas inspeções bastante simples que podem ser realizada em ativos de plantas industriais utilizando-se dos sentidos comuns do corpo humano: olfato, tato audição e visão.


Figura 3 – Os sentidos podem ser muito úteis nas inspeções de manutenção


Inspeção de equipamentos industriais utilizando-se a audição

Os sons são os primeiros sinais a serem verificadas quando da inspeção de ativos em uma rota de manutenção. Motores elétricos, bombas hidráulicas, compressores de ar rotativos tipo parafusos etc. emitem sons típicos e uniformes quando estão em boas condições de operação e manutenção.

Estalidos, cliques, som de batidas, som de chocalho, modulação de som não usual etc. indicam que algo de anormal está ocorrendo no equipamento como, por exemplo, desalinhamento de eixos, desbalanceamento de rotores, sobrecarga de mancais de rolamento ou de deslizamento, folgas internas com interferência, peças frouxas ou que se desprenderam etc. indicando que, se medida corretiva não for tomada de imediato, o equipamento poderá sofrer falha, catastrófica ou não.


Figuras 4/5 – Desalinhamento de eixos e desbalanceamento de rotores são causas de ruídos característicos e não usuais

Inspeção de equipamentos industriais utilizando-se o olfato

Odores não usuais exalando de ativos indicam a ocorrência de anormalidades em sua operação. Odor de “queimado” é um forte indicador que está havendo instabilidade térmica em algum equipamento e caso seja possível extrair uma amostra de óleo lubrificante pode-se, ao verificar o seu odor, detectar-se indícios de oxidação, falha térmica (craqueamento) visto que as reações químicas oriundas destas formas de deterioração do óleo lubrificante fazem com que as amostras tenham odores peculiares (azedo, cáustico, acre) e que, muitas vezes, se assemelham a odor de “ôvo podre”.

Contaminação do óleo lubrificante por gás refrigerante (amônia, freon), por gás sulfídrico, por solventes, por compostos nitrogenados e sulfurosos ou por formação microbiológica são, facilmente, detectáveis em amostras de óleo lubrificante sendo um olfato bem treinado valioso instrumento de manutenção.


Figuras 6/7 – Contaminações do óleo lubrificante provocam odores atípicos e pronunciados
Inspeção de equipamentos industriais utilizando-se o tato

Pode ser muito conveniente utilizar-se do tato para se analisar vibrações severas ou mudanças nas características térmicas de equipamentos industriais. Superfícies externas de máquinas podem atingir temperaturas muito elevadas devido às alterações em suas condições internas muito embora, por questões de segurança, não se recomende tocar em superfícies que esperadamente vão estar tão quentes que possa haver lesões nas mãos. Vibrações atípicas podem ser sinais de desalinhamento de eixos, desbalanceamento de rotores ou de peças que se desprenderam no interior da máquina. Este tipo de inspeção pode ser útil e realizada com segurança em algumas montagens de mancais planos e de rolamento e em redutores de velocidade.

Podemos, ainda, tomar amostra de óleo lubrificante pelo registro de drenagem ou amostra de graxa do interior da caixa do mancal de rolamento e friccioná-la entre 02 dedos com vistas a se verificar presença de partículas duras, grumos pastosos ou textura pegajosa. Partículas duras podem indicar desgaste metálico ou contaminação por material externo abrasivo, grumos pastosos e textura pegajosa indicam a formação de borra oriunda da contaminação por água, oxidação ou bactérias.

Obviamente, que a inspeção pelo tato deve ser realizada obedecendo-se normas de segurança de maneira a se evitar acidentes ou queimaduras. Caso este tipo de inspeção seja realizada deve-se tocar levemente a superfície metálica com o dorso da mão visto que a reação natural do cérebro humano em situações físicas adversas (ex: temperaturas muito elevadas ou muito frias), é a contração involuntária da mão provocando o seu fechamento.


Figuras 8/9 – Inspeção por toque pode ser útil em amostras de óleo lubrificante em mancais planos de eixos de volandeiras em destilarias de álcool


Inspeção de equipamentos industriais utilizando-se a visão

O sentido da visão, sem dúvida, é o mais produtivo dos sentidos a ser utilizado nas inspeções de manutenção de ativos industriais e pode ser empregado nas rotinas de manutenção, sem muito esforço.

Verificações de vazamentos devem ser a busca primária nas inspeções visuais dos ativos industriais e as verificações de visores e medidores de nível são de fundamental importância dado à facilidade em se verificar anormalidades tais como: mudanças no nível do óleo lubrificante; formação de espuma no visor de nível; escurecimento ou turvação do óleo lubrificante; formação de verniz no visor de nível sendo, quaisquer destas ocorrências, sinais indesejados que prenunciam falhas catastróficas ou não devendo, portanto, ser motivo de atenção.

Indicadores BS&W (Bottom Sediment and Water) devem ser verificados em busca da presença de água livre, óleo lubrificante de aparência turva, acúmulo de borra ou resíduos de desgaste visualmente detectáveis. Pode-se, ainda, verificar se há emanação de vapores, gases e fumaça em áreas onde estas exalações não deveriam estar ocorrendo.


Figuras 10/11 - Os indicadores BS&W e visores de nível são fontes extremamente confiáveis nas inspeções visuais de ativos industriais


Retirar e analisar visualmente uma amostra de óleo lubrificante do maquinário é procedimento que pode ser de grande auxílio como indicador da condição de operação e manutenção. Amostras de óleo lubrificante enviadas a laboratórios para análises podem levar dias ou, até mesmo, semanas para terem os laudos retornados e respostas emergenciais podem ser obtidas por simples análise visual e conhecimento do equipamento por técnico bem treinado.

Análise visual do óleo

Aspecto turvo ou leitoso do óleo lubrificante pode ser sinal de emulsão e mudanças de coloração podem indicar desde uma simples reação fotocatalítica como, também, algo mais sério como reposição com óleo lubrificante inadequado, incompatibilidade entre óleos lubrificantes, contaminação por fuligem, contaminação por produtos químicos, degradação oriunda da oxidação, degradação térmica (craqueamento) etc. A presença de sedimentos sólidos sempre é motivo de preocupação e análise mais detalhada de suas origens é procedimento mandatório.

Mesmo a simples existência de ar entranhado descomprimido no óleo lubrificante é causa de interesse em face do potencial destrutivo que a cavitação pode provocar nas peças metálicas.


Figuras 12/13 – Análise visual do óleo lubrificante indica a presença de ar entranhado descomprimido e emulsão


As inspeções visuais utilizando-se dos sentidos não visam, de forma alguma, substituir as análises detalhadas que podem ser realizadas nos laboratórios de análise de óleos lubrificantes. O ideal é que se façam, regularmente, as inspeções anteriormente descritas e a qualquer sinal de anormalidades mais graves, ou cujas causas não possam ser devidamente esclarecidas pelas inspeções sensoriais, sejam enviadas amostras de óleo lubrificante para análise ou se adotem outras medidas de detecção de falhas mais aprofundadas, tais como análise de vibrações, termografia e análise por ultrassom.


Figuras 14/15 – Análise de vibrações e inspeção por ultrassom


Nossos sentidos são ferramentas primárias sem as quais não faríamos nada em nossas vidas e é imperativo que, utilizando-se de técnicas simples e com procedimentos definidos, tiremos vantagens deles nas inspeções rotineiras de manutenção de ativos industriais ou nas análises de óleos lubrificantes.

A medicina como exemplo

Os médicos, em seu primeiro atendimento aos pacientes, fazem inspeções sensoriais antes de solicitar exames mais detalhados e muitas enfermidades graves são diagnosticadas desta maneira permitindo, desta forma, medicar-se imediatamente o paciente.

Através da inspeção visual do nariz, da garganta, dos olhos e dos ouvidos o médico busca por sinais de enfermidades e por auscultar os pulmões com um estetoscópio verifica, através da audição, o estado dos pulmões. Porém, o médico foi treinado adequadamente para executar estas técnicas e sabe o que procurar com elas. Da mesma forma, um técnico em confiabilidade bem treinado deve utilizar os seus órgãos sensoriais em busca de indicadores óbvios de problemas críticos nos equipamentos industriais e usar os sentidos comuns pode ser a forma mais barata e efetiva de prevenir problemas mais graves na operação de equipamentos industriais.


Figuras 16/17 - Médico utilizando os órgãos sensoriais para exame em paciente