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A presença de biodiesel prejudica o desempenho do lubrificante durante o uso, acelerando a oxidação do óleo lubrificante, e o aumento programado de seu teor no óleo diesel torna cada vez maior o desafio para a indústria. Essa é uma das conclusões do estudo realizado pela Ipiranga e apresentado no último simpósio da AEA em São Paulo. Especialistas do setor consideram necessário um debate maior sobre o assunto, que já tem sido objeto de vários estudos também no exterior.
A Gerente Técnica de Lubrificantes e Combustíveis da Ipiranga, Dra. Roberta Miranda Teixeira, mostrou em sua apresentação no IX Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos, realizado no dia 18 de outubro, em São Paulo (SP), o impacto do uso do biodiesel nos lubrificantes, baseado nos estudos de campo, com o monitoramento de frota de ônibus urbano, e de laboratório, com testes de oxidação do óleo.
Esses estudos não são novidade, pois há alguns anos a Ipiranga vem aprimorando sua metodologia para entender melhor os efeitos do biodiesel nos lubrificantes, e mantém ainda hoje testes em motores do ciclo diesel utilizando modernas tecnologia de óleos lubrificantes, para essa avaliação.
O Biodiesel vem sendo introduzido na matriz energética brasileira desde 2008 com teores sempre crescentes como mostra a figura.
Fonte: Ipiranga
Os testes de campo que geraram os resultados apresentados foram realizados com frota de ônibus urbano no Rio de Janeiro veículos utilizando a mistura B20 (com 20% de biodiesel em diesel S50), comparativamente com veículos com B5. Os resultados mostraram que os lubrificantes dos primeiros sofreram com redução da viscosidade e uma alta diluição por biodiesel. Essa diluição cresceu sensivelmente com a quilometragem rodada.
Os óleos utilizados no teste de campo foram do nível de qualidade API CI-4 e ACEA E7, com viscosidade SAE 15W40, contemplando uma troca a cada 35 mil Km.
Em laboratório, o objetivo foi simular o comportamento de dois tipos de lubrificantes contaminados com 5% de biodiesel (B100), em ensaio de oxidação. Esses tipos foram um óleo mineral SAE 15W40 e API CI-4 com ACEA E7, e um sintético SAE 10W40 e API CI-4 com ACEA E9/E6.
O estudo mostrou ainda que a alta temperatura de evaporação do biodiesel causa o seu acúmulo no óleo lubrificante, prejudicando seu desempenho.
Segundo Roberta Teixeira, a preocupação com o impacto do biodiesel no óleo lubrificante é bem conhecida também no exterior, e até a nova revisão da ACEA já prevê testes para avaliação do efeito do biodiesel no lubrificante. “Para manter a performance em campo, a introdução e utilização de lubrificantes de elevada performance no mercado brasileiro torna-se essencial”, concluiu Roberta.
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