Ciclomotores distorcem setor de motos
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Shineray tornou-se 3ª em licenciamentos pela soma de suas cinquentinhas novas (foto) às usadas recém-emplacadas

Os emplacamentos de motos de janeiro a julho recuaram 16,5% ante o mesmo período do ano passado. Mas essa queda é ainda maior, 27,4%, quando se descontam os ciclomotores usados e que foram lacrados como zero-quilômetro por causa de uma mudança de legislação. Das 626,2 mil motocicletas licenciadas de janeiro a julho, 82,2 mil unidades, mais de 13%, eram ciclomotores que vinham rodando sem placa havia mais de um ano.

Segundo levantamento da Abraciclo, entidade que reúne fabricantes do setor de motos e bicicletas, também chamados de “cinquentinhas” por causa da cilindrada máxima (até 50 cc), esses veículos vinham circulando por quase todo o País sem licença por falta de fiscalização. É que até o meio do ano passado cabia aos municípios fiscalizar esses veículos. Com a lei 13.154/2015, de 30 julho do ano passado, o emplacamento das cinquentinhas passou a ser de reponsabilidade dos Detrans, o que vem gerando desde agosto de 2015 um volume extra de lacrações.

Como comparação, de agosto de 2015 para cá foram emplacados pouco mais de 20 mil ciclomotores novos, ante 130,6 mil usados. Embora venham diminuindo durante o ano, os emplacamentos desses modelos ainda são expressivos. Somente em julho eles somaram 4,7 mil unidades, o equivalente a 5,9% do total de motos emplacadas.

Como todos entram como zero-quilômetro no ranking geral de vendas, eles acabam distorcendo a participação real das marcas no segmento. Até julho do ano passado, a Honda, líder do segmento de motos, detinha 81,2% de participação. Já a Shineray, quinta colocada (mas forte em cinquentinhas), apresentava 0,8% de participação. No fim de 2015 a entrada dos ciclomotores velhos no bolo dos emplacamentos derrubou a participação da Honda para 78%, enquanto a da Shineray subiu para 2,4% e a marca passou a ocupar a terceira colocação no ranking de vendas.

Em 2016, a participação da Honda no acumulado até julho é de 69,6%, mas voltaria à casa dos 80% se retiradas as cinquentinhas velhas da lista de veículos novos. Além da Shineray, outra fabricante com tradição em ciclomotores, a Traxx, também ganhou visibilidade no ranking de vendas e aparece em quarto lugar, à frente de Dafra e Suzuki. A Shineray chegou a reivindicar para si o segundo lugar com a soma dos modelos Wuyang, também produzidos em Pernambuco pela empresa.

Habilitação será obrigatória

Os condutores de cinquentinhas deveriam ter habilitação (CNH) na categoria A (a mesma das motos) ou então obter uma Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC). Impasses referentes à emissão desse segundo documento fizeram com que a obrigatoriedade de CNH ou ACC fosse postergada para 3 de novembro.

As mudanças relacionadas aos ciclomotores decorreram do aumento do número de acidentes com esses veículos