Produção de veículos diminui e estoques sobem.
 Imprimir     Indicar para amigo


A indústria brasileira fechou o primeiro trimestre de 2016 com queda importante na produção de veículos. Com 482,2 mil unidades entre leves e pesados, houve baixa de 27,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado frustra as expectativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores - ANFAVEA, que esperava que o mês de março trouxesse algum nível de recuperação das vendas de veículos com impacto positivo sobre a produção, o que não aconteceu.

“Este é o pior resultado para o primeiro trimestre desde 2003”, declarou Luiz Moan em sua última coletiva de imprensa como presidente da Anfavea. Em 25 de abril ele passa o bastão para Antonio Megale, diretor de relações governamentais da Volkswagen Brasil.

Apenas em março foram fabricados 195,2 mil carros no Brasil, volume 23,7% inferior ao registrado em igual mês de 2015. Na comparação com fevereiro o resultado mostra expansão de 42,6%. A alta, no entanto, acontece sobre base de comparação extremamente baixa, já que as montadoras aproveitaram o carnaval para fazer paradas mais longas na produção.

No trimestre novamente o setor de veículos pesados puxou o resultado para baixo. Desta vez a maior contração aconteceu na produção de ônibus, que encolheu 43,5% para apenas 4,3 mil chassis. Com 15,1 mil unidades, o segmento de caminhões diminuiu 35,2%. Já a fabricação de veículos leves diminuiu 27,3% para 403,5 mil automóveis e 59,2 mil comerciais leves.

PRODUÇÃO CAI, ESTOQUES SOBEM

Mesmo com a baixa na produção de veículos de janeiro a março, os estoques permanecem elevados. Em março o volume de carros armazenados cresceu 5,1% e chegou a 259 mil unidades. O volume corresponde a 43 dias de vendas. “É um patamar muito difícil e alto para o segmento”, lamenta Moan. Segundo ele, as expectativas da Anfavea indicavam justamente a acomodação dos estoques em nível mais baixo no primeiro trimestre do ano. Como a perspectiva não se concretizou, a indústria vai arrastar o problema para os próximos meses.

Sem melhora da média diária de vendas, será difícil resolver a situação. Moan lembra que, no primeiro trimestre, a utilização da capacidade produtiva segue muito baixa e fica em apenas 18% no setor de veículos pesados. A indústria mantém grande número de trabalhadores com jornada de trabalho reduzida. Segundo a Anfavea, há 30,5 mil pessoas afastadas por meio do Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Outros 8,2 mil colaboradores estão em regime de layoff, a suspensão temporária dos contratos de trabalho.

O quadro de funcionários das fábricas de veículos também encolheu e ficou em 128,4 mil pessoas em março, com diminuição de 8,8% sobre o mesmo mês do ano passado. Os dados indicam que o nível de emprego nas montadoras caiu ao patamar de 2010. “Isso mostra o esforço da indústria para manter os seus trabalhadores. A produção caiu ao nível de 2003, mas mantemos o número de colaboradores em patamar mais atual”, destaca Moan.

Apesar da baixa, o executivo sustenta a projeção de que a indústria fará este ano 2,4 milhões de veículos, com leve crescimento de 0,5% na comparação com o resultado de 2015. “Tivemos apenas um mês fora das nossas expectativas, então ainda é cedo para fazer uma revisão.”

Fonte: Automotive Business