Projeto europeu produz plásticos e lubrificantes vegetais
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Extraindo o óleo de uma planta chamada Cardo, muito popular na área do mediterrâneo, e misturando ao óleo de girassol, duas empresas italianas criaram uma parceria para fabricar, na Sardenha, um produto biodegradável e reciclável, que é matéria-prima para a produção e bioplástico e lubrificantes não poluentes, utilizados na indústria naval. A produção de bioplástico faz parte do projeto europeu “FIRST2RUN”.

No processo de obtenção do bioplástico, toda a planta é aproveitada. As folhas e o caule são queimados para produzir a energia necessária ao fabrico do plástico. Com os restos de sementes, produz-se alimento para gado ovino.

A fábrica de bioplástico foi construída numa antiga zona industrial. “Não há subtração de terras agrícolas, tentamos valorizar a terra que já não é usada. Nesta parte da Sardenha, há cerca de 60 mil hectares de terra abandonada nos últimos trinta anos. Queremos recuperar uma pequena percentagem da terra, três a quatro por cento, através do cultivo do cardo, uma planta que se adapta perfeitamente ao ambiente mediterrânico. Não precisa de irrigação, usa a água que provém da chuva”, sublinhou o agrónomo Michele Falce, responsável pelo desenvolvimento do projeto.

O processo de fabricação não implica o uso de solventes químicos. As reações são obtidas a partir da água, do ar e do peróxido de hidrogénio, produtos não poluentes.

A transformação dos óleos vegetais em ácidos faz-se através de quatro reatores. O óleo vegetal é inserido no primeiro reator e o ácido sai no quarto reator, pronto para ser transformado em bioplástico. Um processo sem intervenção humana. Todo o processo é seguido numa sala de controle e o sistema digital guarda em memória todas as operações.

“É um processo totalmente novo e único. Transformamos o óleo vegetal sem usar produtos tóxicos ou gases explosivos, como o ozônio. A partir do óleo de plantas, fabricamos um ácido que é a matéria-prima fundamental do bioplástico. Obtemos também outro ácido que pode ser usado como herbicida biológico em substituição de moléculas extremamente tóxicas. Pode ser transformado em lubrificantes e cosméticos biológicos, sem necessidade de recorrer ao óleo de palma. E há ainda a possiblidade de obter um produto que pode ser usado no fabrico de pneus, em substituição de óleos minerais tóxicos e cancerígenos”, sublinha Luigi Capuzzi, um dos investigadores envolvidos no projeto.

Os bioplásticos produzidos a partir de plantas são mais caros do que os plásticos poluentes. Mas, se os custos de despoluição e reciclagem forem tidos em conta, o preço real é muito mais acessível.

Fonte: SCI-TECH science