Margem de lucro dos automóveis no Brasil é o triplo dos EUA.
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Segundo estudo, encomendado à consultoria IHS e apresentado pelos fabricantes
de autopeças à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, a margem de lucro
praticada no Brasil é a maior do mundo, 10% sobre o valor ao consumidor,
enquanto a margem média mundial é de 5% e nos Estados Unidos o lucro é de 3%.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado realizou na semana passada,
em Brasília, audiência pública para discutir os altos preços dos carros no Brasil, com
a presença de representantes da Secretaria de Acompanhamento Econômico do
Ministério da Fazenda, do Ministério do Desenvolvimento, do Ministério Público
Federal, do Sindipeças – o sindicato dos fabricantes de autopeças – e deste jornalista. A
série de reportagens falando sobre o “Lucro Brasil” feita no ano passado, e a
repercussão do assunto na mídia, motivou a convocação da audiência, conforme a
senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, responsável pela iniciativa. A
parlamentar lamentou a ausência da Anfavea, a associação dos fabricantes, que foi
convidada, mas não compareceu.
Todos os expositores colocaram a questão dos altos preços do carro praticado no Brasil
comparados com outros países: tanto países do Primeiro Mundo (Estados Unidos,
Europa e Japão) quanto em relação aos nossos vizinhos Paraguai e Argentina. O
exemplo do Toyota Corolla, um modelo global, foi o mais citado: o carro custa US$
16,2 mil nos Estados Unidos, US$ 21,6 mil na Argentina e US$ 28,6 mil no Brasil.
O representante do Ministério Público, Antonio Fonseca, pediu ao Senado a revogação
da Lei Renato Ferrari, que regulamenta a distribuição de veículos (e obriga todos os
fabricantes a nomear uma rede de concessionárias para vender seus veículos). Disse que
o setor não precisa de regulamentação e que essa lei provoca o oligopólio, prejudica a
livre concorrência e cria reserva de mercado em regiões do País, o que contribui para o
aumento do preço final do carro.
Mas foi o representante do Sindipeças, Luiz Carlos Mandelli, quem apresentou as
informações mais contundentes em relação à formação do preço do carro no Brasil.
Segundo o estudo, encomendado à consultoria IHS e apresentado pelos fabricantes de
autopeças aos senadores, a margem de lucro praticada no Brasil é a maior do mundo,
10% sobre o valor ao consumidor, enquanto a margem média mundial é de 5% e nos
Estados Unidos o lucro é de 3%.
Segundo o mesmo levantamento, o custo de produção e distribuição do veículo no
Brasil é muito mais baixo do que nos países desenvolvidos. Esse custo, que inclui
matéria-prima, mão-de-obra, logística e publicidade, entre outros (que as montadoras
chamam de Custo Brasil) é equivalente a 58% do valor final do carro. A média mundial
é bem maior, de 79%, e nos Estados Unidos esse custo sobre para uma faixa entre 88%
e 91% (veja abaixo a composição do preço do carro no Brasil).
Fonte: Joel Leite – Autoinforme