Primeira usina brasileira de etanol celulósico sai até 2013.
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A primeira usina brasileira de etanol de segunda geração, produzido a partir da biomassa de cana-de-açúcar, deve começar a produzir até dezembro do ano que vem, em Alagoas. Com investimento de R$ 300 milhões da família Gradin, a fábrica da GraalBio terá capacidade para produzir 82 milhões de litros de etanol celulósico por ano.

O investimento é uma parceria com o grupo italiano Mossi&Ghisolfi, que, em setembro, inaugura na Itália a primeira fábrica de etanol celulósico do mundo. A tecnologia permite converter qualquer biomassa em etanol.

Os Estados Unidos também estão avançados nessa corrida tecnológica e devem inaugurar no ano que vem as primeiras usinas de etanol de resíduo de milho.

Para fazer etanol com produtividade três vezes superior à da cana comum, a GraalBio está desenvolvendo uma nova variedade, a cana energia, em parceria com a Unicamp. A primeira colheita industrial está prevista para 2015. Até lá, serão usadas sobras de palha e bagaço de usinas de Alagoas.

O projeto prevê ainda a construção, em Campinas, de um centro de pesquisa e desenvolvimento e de uma usina-piloto para o aprimoramento de tecnologias de etanol e bioquímicos.

"Queremos obter a biomassa mais competitiva do mundo", disse Bernardo Gradin, presidente da GraalBio. "O Brasil pode se tornar uma Arábia Saudita verde".

Ele diz que o investimento pode chegar a R$ 1 bilhão e contemplará outras quatro usinas. "Vamos anunciar novas fábricas à medida que tivermos contratos". Além de etanol, a GraalBio pretende produzir bioquímicos.

A ideia inicial é exportar para os EUA, que pagam sobrepreço para o etanol celulósico para estimular a produção. O litro no Brasil custa US$ 0,68, independentemente da matéria-prima de origem. Os EUA pagam US$ 1,04 por litro de etanol celulósico.

A maior produtividade, diz Gradin, pode ajudar a reduzir o deficit do setor. Em 2011, o Brasil importou 1 bilhão de litros de etanol.

O projeto da GraalBio deverá ser financiado pelo Paiss, programa do BNDES de apoio à inovação tecnológica industrial de energia e bioquímicos de cana. O banco destinará R$ 3,1 bilhões para 35 projetos, que preveem a construção de 12 usinas-pilotos e 7 industriais.

"O programa colocará o Brasil na fronteira da produção eficiente de biocombustíveis e de bioquímicos", disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Fonte: Folha de São Paulo