CNPq inaugura Primavera Científica.
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O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq irá
reconhecer, a partir de agora, tarefas de divulgação da ciência como trabalho
efetivo dos professores e pesquisadores das universidades e institutos de pesquisa.
Muda a postura do pesquisador e a sociedade fica mais participativa.
A medida é uma correção de um erro histórico, fundamentado na famosa ideia da "torre
de cristal", uma crença subliminar de que cientistas são seres que devem se manter
isolados da sociedade, como se fossem monges reclusos de uma nova igreja do
conhecimento. A partir de agora, divulgar a ciência para a sociedade e executar ações de
educação científica passam a ser reconhecidos efetivamente como trabalho produtivo
dos cientistas.
Com a mudança, cientistas de todas as áreas poderão declarar abertamente suas
capacidades e suas ações de divulgação da ciência, seja na organização de feiras de
ciências, promoção de palestras em escolas, ou mesmo artigos e entrevistas concedidas
à imprensa.
Devido à política de fechamento que vigorava até agora, tem sido extremamente difícil
obter informações de cientistas brasileiros sobre seus trabalhos e divulgar os progressos
obtidos pela ciência brasileira.
"Ainda há um fosso grande entre aqueles que fazem ciência e aqueles que consomem e
financiam a ciência. A sociedade não conhece com profundidade toda a riqueza com
que a ciência brasileira tem contribuindo para o desenvolvimento nacional," disse
Glaucius Oliva, presidente do CNPq, durante o anúncio da "primavera científica", e que
tem todo o crédito por liderar a derrubada dos muros de cristal da academia.
O professor Oliva ainda escorrega um pouco, falando em "consumo de ciência",
revelando apenas um jeito um tanto estabanado de uma estrutura que, ao se aproximar
do desconhecido, não sabe ainda como se comportar direito.
Nossa sociedade é de consumo, reconhece-se, mas ciência não é algo de consumo no
sentido mercantilista. Ciência é interação do homem com o seu mundo em busca de
conhecimento e, quiçá, sabedoria. A sociedade não quer consumir a ciência, a sociedade
que vivenciar a ciência, não apenas ouvindo histórias do que se faz em laboratórios
complicados, mas sonhando junto o sonho basilar da humanidade, que é a busca do
conhecimento, alimentando os cientistas com suas próprias preocupações, seus próprios
interesses, sejam anseios e medos, sejam devaneios épicos de explorações em áreas
ainda não sondadas. E então ouvir deles, dos cientistas, o que esse grupo da sociedade
dedicado e melhor preparado para essa busca de forma metódica e coordenada, nos traz
em termos de conclusões consistentes e fundamentadas. Mas também de boas histórias
de se ouvir, sobretudo histórias que não se consomem nunca.
"No século 21, o cientista reconhece seu papel de engajamento na sociedade. Ele sabe
que está sendo pago e financiado e que deve uma prestação de contas sobre o que faz."
disse Oliva.
Fonte: Site Inovação Tecnológica